sexta-feira, 22 de junho de 2012

A guerra deste tempo

Sentes a tensão de fazer o que não queres e não fazer o que queres? Saibas que esse é um dilema essencialmente cristão. Apenas este tem consciência de que ainda se encontra infinitamente abaixo da perfeição divina, quer progredir na santidade e se depara com uma natureza transgressora da verdade. Quem não se coloca sob a direção divina vive na paz infernal de fazer o que deseja.


Por isso, quem busca a paz no cristianismo talvez se depare com uma batalha intensa. Aquela paz exterior, a ausência de conflitos internos e a inexistência de lutas reais são o que podemos chamar de paz deste mundo. A paz de Cristo, que não é daqui, reside apenas na dimensão da eternidade.

A tensão entre a vontade e o ato é a luta entre a carne e o espírito. Aquela, como a percepção sensorial e inferior, parcial e vacilante, que se engana e confunde tantas vezes. Este é o contato com verdade, a relação com aquilo que os olhos não vêem e os ouvidos não ouvem, que se relaciona não em um nível temporal, mas com aquilo que permanece, que não muda, que é eterno.

Entende e aceita que, se tu és verdadeiramente cristão, se te importas em viver segundo a verdade, se desejas a aprovação divina, não terás paz neste mundo. Carregarás, sim, uma espada, a fim de lutar contra teus demônios, tuas tendências, teu pecado.

Não acredites que Cristo veio oferecer-te a resolução de teus conflitos. Pelo contrário, este é o início dos deles. Aceitá-lo é o começo de uma guerra cotidiana. Aquele que se lança em seu seio sabe que haverá uma batalha diária entre o homem preso a este mundo e o que não morrerá. Quem vencerá?

Apenas há uma paz real e esta é eterna. Se tua guerra já começou, se sentes o dilema do querer e do fazer, entende que, ainda que as batalhas se apresentem tão intensas neste momento, saibas que este é o princípio da tua vitória. Se seguires firme, e mergulhares na eternidade, tua boa vontade encontrará, na força do espírito, os caminhos para tornarem teus atos consonantes com teu querer.