quarta-feira, 21 de março de 2012

Molhe seus pés (como tomar uma decisão difícil)

Um homem cristão tem como princípio que sua vida é direcionada pela vontade de Deus. Em tese, isso é bem claro, no entanto, na prática, quando ele tem que tomar decisões concretas, isso pode virar um verdadeiro tormento. Isso porque, temeroso por não desobedecer os desígnios divinos, e, ao mesmo tempo, sem enxergar com claridade quais são esses desígnios na situação de fato, ele se vê em uma encruzilhada. Nessa hora, isso pode paralisá-lo.

Há pessoas que sempre esperarão alguma revelação especial, como que uma mensagem específica dada por Deus para a resolução de seu problema. Outros, simplesmente, acreditam que não se deve aguardar resposta alguma, mas fazer o que acha certo, simplesmente. Aqueles podem sofrer, quando a resposta não chegar, estes quando perceberem que agiram mal.

A melhor solução que conheço, aprendi com uma história bíblica que considero muito instrutiva. O povo de Israel estava na cidade Sitim e preparava-se para atravessar para além do rio Jordão. Deus, então, emite a ordem para que eles sigam aqueles que conduzem a Arca da Aliança, acompanhando-os de uma certa distância e prometendo que cuidaria deles. O mais interessante acontece quando aqueles que carregavam a Arca se deparam com o rio. Assim narra as Escrituras:

E quando os que levavam a arca chegaram ao Jordão, e os seus pés se molharam na beira das águas (porque o Jordão transbordava sobre todas as suas ribanceiras, todos os dias da ceifa), pararam-se as águas, que vinham de cima; levantaram-se num montão, mui longe da cidade de Adão, que está ao lado de Zaretã; e as que desciam ao mar das campinas, que é o Mar Salgado, foram de todo separadas; então passou o povo em frente de Jericó.
Porém os sacerdotes, que levavam a arca da aliança do SENHOR, pararam firmes, em seco, no meio do Jordão, e todo o Israel passou a seco, até que todo o povo acabou de passar o Jordão (Josué 3.15-17).

O fato mais marcante, ao menos para mim, está no fato de aqueles homens terem molhado seus pés. Deus poderia, simplesmente, parar o rio. Talvez isso tivesse um efeito até mais espetacular, fazendo que todo o povo passasse com os pés secos. No entanto, Ele determinou que aqueles homens entrassem no rio que transbordava. Eles deveriam molhar seus pés!

Isso nos ensina que há a vontade de Deus, mas há também os passos a serem dados pelos homens. Às vezes, a decisão não é tão fácil, não porque não sabemos a vontade de Deus, mas porque os dados da realidade não são tão claros. Aquele povo sabia a ordem de Deus, mas, à sua frente, havia um rio transbordante. Em casos como esses, não vejo outra forma de ação senão molhar os nossos pés. O que quero dizer é que é preciso tomar algumas atitudes iniciais que nos levem à resolução do problema. Temos a Revelação e temos a promessa, resta-nos a fé, que é o passo inicial, sempre.

O mais importante é não nos lançarmos desesperadamente no rio de problemas que há em nossa frente, querendo atravessá-lo sem qualquer palavra de direção, mas também não ficarmos paralisados na segurança da terra firme, aguardando que algum milagre aconteça de antemão.

Respiremos fundo, tomemos coragem, relembremos as direções divinas e molhemos os nossos pés. De resto, confiemos que Deus cuidará de nós.