quinta-feira, 22 de julho de 2010

Uma coisinha insignificante chamada 'verdade'

Quando há alguns dias eu, em uma mensagem na igreja, disse que tinha a convicção de que nem todas as pessoas ali eram salvas, percebi que a comoção com o que havia dito fora além do que era esperado. Na verdade, algumas pessoas ficaram um tanto indignadas, acreditando que minhas palavras não foram bem colocadas. Percebi que houve um certo desconforto em algumas pessoas, o que fez com que não aceitassem bem o que eu falei.

O principal argumento que ouvi, tentando contrariar minhas palavras, foi, não que eu estivesse errado, mas que, talvez, o que eu dissera não tenha sido bem colocado, não tenha sido a maneira correta de dizer aquilo. Sem ter encontrado um argumento sequer contra o que falei, as contestações todas se basearam apenas na impressão das minhas palavras, não em seu conteúdo.

Ora, não houve contestação porque é evidente que nem todos, dos que se dizem fazer parte da Igreja universal de Cristo, são salvos e, por uma mera questão estatística, assim é também em qualquer igreja local. Se nem todos são salvos na Igreja universal porque todos seriam em uma igreja local? Uma igreja local que se arrogar no direito de acreditar que todos os seus membros são salvos está agindo com grande petulância, querendo ser mais pura do que a Igreja universal de Cristo.

Mas o problema não é esse, pois ali reside apenas uma questão de compreensão lógica das coisas. O que surpreende é a reação instintiva a algumas palavras desagradáveis, com a conseqüente condenação do interlocutor pelo pecado de dizer a verdade, porém verdadeira demais para ouvidos tão sensíveis. As pessoas preferem ouvir coisas que massageiem suas convicções e frases que fortaleçam suas idéias. Ignorando completamente a realidade, trocam o desconforto que salva, pela condenação que promete o conforto.

Isso ocorre porque somos treinados, desde muito jovens, a não descrevermos as coisas como elas são verdadeiramente. Desde que iniciamos nossa carreira social, aprendemos a fingir concordância, a dar sorrisos insinceros, a calar a boca mesmo diante do erro alheio. Um pouco mais crescidos, somos convocados a sermos bajuladores, puxa-sacos, fingidos e cínicos. Assim, nos graduamos em viver de impressão, a falar o que agrada, a desprezar a realidade em favor de palavras que angariem aplausos. Nos tornamos, portanto, adultos incapazes de sinceridade, cegos para a realidade e impossibilitados de descrever uma simples apreensão.

O que nos tornamos, na verdade, é em crianças grandes e mimadas, loucos por atenção e aprovação, dispostos a tudo, inclusive sufocar toda e qualquer realidade, pelo prazer de nos sentir amados. A verdade? Esta é dispensável, pois vale mais o sentimento! Por que me indispor e ser mal visto? Só por causa de uma coisinha insignificante chamada 'verdade? Assim pensa a maioria...