sábado, 26 de dezembro de 2009

Resgatando nossos valores

pregação de Natal
dia 20 de dezembro de 2009

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

O Natal é uma festa de crianças

(comemoração de Natal na igreja Fonte da Vida)


O Natal é uma festa de crianças! Vocês já repararam que são as crianças que mais se empolgam com ela? As luzes, o clima, tudo o que envolve o Natal tem um impacto muito maior nelas do que em nós, homens e mulheres maduros. Realmente, o Natal é uma festa de crianças.

Nós, corações amargurados, lamentamos o Natal, dizendo que não tem mais o encanto de antes, de quando éramos crianças. Mas, será que, realmente, o Natal mudou ou nós que não somos mais crianças? Será que não se apartou de nós aquela pureza própria da inocência que transformava tudo em mais belo e mais feliz? Nós, que hoje somos tão maduros, tão independentes e tão realistas, será que não fechamos as portas para a beleza da vida?

Não há criança que não goste do Natal. Afinal, o Natal é uma festa de crianças. Inclusive os presentes, tão criticados pelos embrutecidos pelo amargor da luta, encantam muito mais às crianças do que a nós. Veja: a esperança, o anseio da surpresa, tudo nisso desperta o imaginário infantil, de tal forma que é impossível uma criança não gostar do Natal.

Em nossas memórias natalinas estão ainda aquelas reuniões familiares, as quais, para nós, tinham o encanto da unidade e da alegria do encontro. Hoje, se pudéssemos, fugiríamos delas, afinal, dão tanto trabalho, há tanta falsidade... Mas, para as crianças, alheias a todo tipo de dissimulação, ver tanta gente junta só pode ser sinal de coisas boas, de alegria, de confraternização. Então, para elas, o Natal também traz isso: pessoas para perto, festa, felicidade. Por isso, digo outra vez, o Natal é uma festa de crianças.

Se você ainda não se convenceu, preste atenção:

Há um Deus supremo, todo-poderoso e grandioso. Em determinado momento da história Ele se dignifica de vir à terra, como homem. Para isso, se põe como um bebezinho. Mas pode um ser supremo se colocar em um corpinho tão frágil? Sim, e foi assim. Por isso o Natal não é apenas uma festa para crianças, mas de uma criança. Nesse dia se comemora o Deus em um corpo pequeno, dependente e indefeso. Em tudo sujeito aos outros, solicitando, como toda criança, os cuidados e zelo de seus pais.

Será que já não há aí algum símbolo? Jesus não poderia aparecer de repente, surgindo no meio do deserto, dizendo que veio de Deus? Não seria adorado ainda mais se assim o fizesse? Mas não! Veio como um bebê: pequenino, frágil e singelo.

Por isso o Natal, e por isso esta é uma festa de crianças.

Os olhos estavam turvos, aguardando um grande e poderoso rei, e acabaram por não ver o sinal da estrela que guiava até o próprio Deus. Os ouvidos estavam moucos, surdos para os profetas, e não ouviram o coral de anjos que anunciava a vinda do Messias. Nem os sinais, nem a palavra, nada. Os corações maduros não poderiam entender.

Como, homens já feitos, poderiam compreender isso: um pequeno bebezinho, vindo à luz em meio a animais, fugido de um rei feroz, escondido como um ladrão, sendo o próprio Deus? Como se curvar diante de uma simples criancinha, se o que esperavam era um grande libertador?

E nós, modernos senhores de si mesmos: como seguir um homem que nos diz para deixar tudo o que temos, para viver na singeleza da fé? Como nos guiar pela idéia de que não precisamos nos preocupar, pois os lírios do campo são guardados por Deus, quanto mais nós? Como confiar em uma palavra que nos ensina a ser como pombas, tão simples que até parecem imbecis? Como acreditar em uma fé que indica um caminho para o céu que não depende de quem somos, mas apenas em quem cremos?

Além de tudo isso, nos diz para sermos como crianças, que delas é o céu, e que devemos nascer de novo, e obedecer, exatamente como uma criança deve fazer.

Sinceramente, o Natal, decididamente, não é para os adultos. Eles jamais entenderiam o que ele quer dizer.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Cristãos valentes

Uma pregação sobre as dificuldades da vida e sobre o quanto de aflição está reservada para todos nós, diferente do que possa parecer, não é derrotista ou conformista, mas, sim, uma pregação de consciência. Enxergar a verdade nua e crua jamais pode ser considerado fraqueza. Muito pelo contrário, demonstra uma clareza que é exigida de qualquer pessoa sã. Não pode ser sadio alguém que não enfrenta a realidade como ela é, mas cria fantasias ilusórias, mentindo para si mesmo, engendrando um mundo falso e alienante.

O cristianismo jamais foi uma religião de coitados. Mesmo diante das mais cruéis perseguições, a característica que sempre se observou nos crentes foi a resistência diante das maiores crueldades cometidas contra eles. São histórias e mais histórias de homens e mulheres que não abriram mão de sua fé, ainda que isso lhes custasse sofrer o terror da tortura e até a morte.

Por isso, é difícil compreender a postura dos cristãos atuais, os quais disseminam um sentimento de coitadismo absurdo, pelo qual todos se sentem vítimas de um mundo mal, aguardando a chegada de uma mão forte que os restaure a uma posição de honra que supostamente caberia a eles. Sentem-se como vítimas do mundo, do diabo, do Estado, dos patrões e de todos os que, de alguma maneira, possuem algum tipo de superioridade em relação a eles.

Diante da assimilação dessa idéia, então surge uma cultura típica de coitados, a saber, a cultura da reclamação. Reivindicam, determinam e rejeitam tudo aquilo que acreditam ser injusto. E é óbvio que, conforme essa cultura, são, o tempo todo, injustiçados. E para os injustiçados não cabe outra alternativa senão reclamar, reclamar, reclamar.

Mas há ainda outra conseqüência dessa cultura da reclamação, que é a crença de que todos eles têm um lugar de honra do qual foram retirados. Incrivelmente crédulos de seus direitos, acham que tudo conspira para os remover de seus postos elevados. Precisam, portanto, reclamar muito a fim de que haja uma restituição de seu status de direito.

É impressionante como o cristão contemporâneo é semelhante a uma criança mimada dentro de um supermercado. Bate o pé, chora, grita, esperneia, reclama, pede, exige. Talvez, a sorte dele esteja no fato de Deus ser absolutamente misericordioso. Senão, já teria levado uns belos de uns bofetões.

O pior de tudo é que aquele que vive assim, apenas dessa cultura da reclamação, tem a petulância de achar que é mais espiritual do que o pobre cristão que, de uma forma ou de outra, enxerga a realidade da vida. Aquele tem a este como um derrotado, um conformista e resignado que não tem coragem de exigir o que, supostamente, é seu por direito. Diante disso nós vemos o quanto está distorcida toda a noção de moralidade e virtude, mesmo no seio do cristianismo.

Derrotado, por certo, é aquele que não luta e não enfrenta a realidade com todas as suas agruras e dificuldades. Seu destino é a reclamação. Impotente diante das forças do mal, apenas lhe resta botar as mão na cintura e bater bastante o salto, como um típico guerreiro bárbaro!

Diferente disso, o cristão verdadeiro é um valente. E por isso a Bíblia ensina que os tímidos e medrosos não herdarão o céu[1]. Quem não for tido por guerreiro de Cristo, quem não lutar as lutas do Evangelho, quem não vestir as armas de combate espirituais[2], não terá o prazer de fazer parte da família eterna de Deus.

No entanto, a valentia cristã se dá numa base um tanto diferente da de um guerreiro de fato. O cristão valente o é por sua convicção, em primeiro lugar. Sua valentia é demonstrada diante dos ataques morais e intelectuais que sofre. Sendo um guerreiro, com efeito, não sucumbe diante dessas investidas e mantém-se firme. Também é valente por causa de sua fé. Com ela não enxerga inimigos tão grandes os quais não possa enfrentar. Tendo um supremo general, que é Cristo, segue firme no campo de batalha, certo que faz parte de uma tropa vencedora. Mas o cristão também é valente porque seus valores não estão arraigados nesta vida, e, como bom soldado, não se embaraça nos negócios deste mundo[3]. Pelo contrário, se mantém alerta ao chamado de Cristo e pronto para morrer por seu Nome!

Por outro lado, não é verdade que um bom soldado nunca chore. A diferença é que seus lamentos são derramados em seu leito, longe dos olhos do inimigo, diante apenas daquele que tudo vê e pode trazer o verdadeiro conforto. Ao toque da trombeta, no entanto, o bom soldado enxuga suas lágrimas e responde à convocação com firmeza de ânimo, pronto a servir ao grande exército de Deus.

 O bom soldado não finge que a guerra não existe, nem se sente injustiçado por causa do ataque do inimigo, o que seria absurdo. Ele, de fato, enxerga os perigos e as dificuldades inerentes a qualquer batalha. Assumindo os riscos e consciente das dificuldades, ele veste a armadura de Cristo e se dispõe a lutar todas as batalhas que se apresentam diante dele, até a derradeira, na qual sucumbirá, enfim. Porém, mesmo nesta, ele poderá dizer: Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé...


[1] Apocalipse 21.8
[2] Efésios 6.11
[3] 2ª Timóteo 2.4