segunda-feira, 30 de março de 2009

Longe da multidão de vaidades

Não esqueçamos jamais disso: nossos olhos devem estar atentos à eternidade. Para lá olhamos, não apenas por contemplação, mas como quem segue uma estrela-guia. Tudo o que fazemos e pensamos, então, se submete a este princípio: meu destino é a eternidade. Então, por que se prender nas futilidades temporais e sofrer tanto com a transitoriedade das coisas? Grande loucura é descurarmos as coisas úteis e necessárias, entregando-nos, com avidez, às curiosas e nocivas. Na multidão de idéias e discussões penetra, facilmente, a vaidade, a soberba e, não raro, as dissoluções. E tudo por razões que mal se sustentam, que não subsitiriam ao leve sopro do Verbo. Portanto, calem-se todos os doutores; emudeçam as criaturas todas em vossa presença; falai-me Vós só.
Se a eternidade é o alvo, as coisas deste mundo, em sua grande maioria, tendem apenas a me desviar dele, então, parece óbvio que minha alma deve se prender em pouco, que é tudo. Há um só Deus, há uma só Palavra revelada, há um só Messias e apenas um caminho para a salvação. Destarte, devem meus olhos olhar diretamente para onde pretendo chegar e não me distrair nas belezas que morrem. O espírito puro, singelo e constante não se distrai no meio das múltiplas ocupações porque faz tudo para a honra de Deus, sem buscar em coisa alguma o seu próprio interesse.
O acúmulo de ciência pode até ser bom, mas apenas se voltado para Cristo. Toda ela deve me levar para mais perto de quem amo, mais próximo do meu Salvador. Melhor é entrar no reino dos céus sem um olho do que permitir que este olho me conduza para longe do Senhor. Vigiai, pois há muitas vaidades e todas loucas para nos tragar. Certamente, no dia do juízo não se nos perguntará o que lemos, mas o que fizemos. Um instrumento só é útil enquanto tal; ao se transformar em fim, torna-se um vício, um veneno para a alma.

E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo.

citações de Tomás de Kempis e Filipenses 3.8